tag:blogger.com,1999:blog-3177413600137104522024-03-12T16:46:52.634-07:00Impressões Digitais"Com tantos filmes na minha mente
é natural que toda atriz
presentemente
represente muito pra mim..."Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.comBlogger201125tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-33859184312845619392013-02-22T21:30:00.001-08:002013-02-22T21:41:46.626-08:00Dois amantesA alma,<br />
a minha alma,<br />
em alguns momentos,<br />
em muitos momentos,<br />
quer,<br />
precisa,<br />
clama por paz.<br />
<br />
E não há jeito,<br />
não há como se ter paz a dois,<br />
a três,<br />
a mil por hora.<br />
<br />
A paz da alma,<br />
sem reticência,<br />
vírgula ou senão,<br />
requer vazio,<br />
ausência,<br />
imensidão.<br />
<br />
Mas, o corpo,<br />
o meu corpo<br />
quer,<br />
sempre quer<br />
presença,<br />
posse,<br />
exploração.<br />
<br />
Como podem assim conviver<br />
alma liberta, corpo possuído?<br />
Como podem os dois,<br />
sendo eu,<br />
serem tão antagonicamente diversos?<br />
<br />
Como pode minha alma,<br />
libertária, libertina<br />
entender que o meu corpo,<br />
despudorado, vagabundo,<br />
não se dói, nem se ressente,<br />
de ser objeto,<br />
coisa do outro,<br />
coisa do mundo?<br />
<br />
O corpo quer prazer sim,<br />
mas a dois,<br />
a nós,<br />
amarrados,<br />
confusos,<br />
confiscados daquilo que a alma,<br />
de tão tola,<br />
acreditou que teria pra sempre<br />
e nem sente<br />
que já não tem mais.<br />
<br />
<br />
<br />Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-20370616006355191762010-10-08T10:51:00.000-07:002011-01-13T13:49:04.154-08:00Morta de medo<object height="300" width="350"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/1FtvF4k2QaQ?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/1FtvF4k2QaQ?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" height="300" width="350"></embed></object><br /><br /><span style="font-size:130%;">- Você é terrivelmente incômodo.<br /><br />- Por quê? Por que te chamo de princesinha? Ou por que digo que sou apaixonado por sua boquinha?<br /><br />- Não. Quando você diz essas coisas é só patético, e patéticos não são incômodos, são até confortavelmente comuns.<br /><br />- Então por que te incomodo tanto?<br /><br />- Porque você renova em mim a esperança nos seres humanos.<br /><br />- Eu? Você é mais maluca do que eu pensava. Posso ser qualquer coisa, menos um modelo de dignidade, honestidade, honradez.<br /><br />- Eu disse que você renova minha esperança nos seres humanos, não que me lembra homenagens póstumas. Não estou falando do manto de perfeição com o qual só a morte (ou a distância) pode nos cobrir. Falo de vida, de estar vivo, sangue correndo nas veias, alimentando membros, coração, cérebro.<br /><br />- E isso te incomoda? Ter esperança é tão ruim assim?<br /><br />- Acreditar sempre tem uma boa dose de apreensão.<br /><br />- Assim como viver.<br /><br />- Assim como viver.<br /><br />- Medo da frustração?<br /><br />- Medo da morte.<br /><br />- Deixar de viver?<br /><br />- Deixar de acreditar.</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-90629390517465377632010-09-27T09:31:00.000-07:002010-09-27T10:25:53.340-07:00Suspiro<object width="400" height="300"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/h8tuTSi6Sck?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/h8tuTSi6Sck?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="400" height="300"></embed></object><br /><br /><span style="font-size:130%;">Ando precisando escrever. Pés na cadência serena que mãos nunca vão experimentar. Parar é impossível. O corpo precisa de pão. E o pão não cai do céu. Então o homem tem que prosseguir. E essa indisponibilidade traz uma espécie de paz. É a falta de opção, a necessidade física chegando pra simplificar tudo. Já a alma. "Quem tem alma não tem calma." Escreveu alguém tão atormentado (e mais inspirado) que eu. Escrever não é uma necessidade do corpo, portanto não é vital. É uma escolha, um passa-tempo, um luxo. Mas como? Se é a escrita que me nutre, mata minha sede. Se pelas linhas escritas procrio e dou vida a meus rebentos. Ganho a posteridade. A eternidade tão finita quanto uma folha de papel, quanto a verdade das palavras grafadas. Escrevendo existo, insisto, resisto. É isto. Mas é mais. E menos. Menos paz. Os pensamentos continuam correndo, as mãos permanecem inertes, o coração comprimido num peito tantas e tantas vezes vilipendiado. E os pés apenas respondem a estímulos simples. Prosseguem sem questionar pra onde e por qual motivo. Mesmo os meus. Membros irmãos de outros tão "superiores". Superiores e inertes. Parados, esperando uma razão que traga algum sentido. Norte. Direção. Caminho. Caminhada. Ando precisando escrever.</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-10677995675104755112010-08-30T18:44:00.000-07:002010-08-31T08:48:39.405-07:00Ficção<span style="font-size:130%;">- Olá. Espero não estar incomodando, mas, de qualquer forma, serei breve.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Não está incomodando. Pode falar.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- A questão é bem simples. Estou à venda e quero saber se você tem interesse em me comprar.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Comprar você?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Pra ser mais exata, me alugar. Um aluguel que irá da hora em que você fechar negócio até o primeiro raio de sol.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- E esse aluguel dá direito a exatamente o quê?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Ao meu amor total e irrestrito.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Mas aí não seria amor.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Por que não?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Porque amor é algo que se conquista com o tempo. Não pode ser fruto de um contrato.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- E o casamento? Não é um contrato?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Mas ele não dá início ao amor, ele só firma um pacto entre os noivos. Um pacto abençoado por Deus.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Um pacto de?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Ahhhh... de convivência, de respeito mútuo, de...</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Amor.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Mas, como eu já disse, não é o casamento que faz nascer o amor. É justamente o oposto. O amor faz nascer o casamento. </span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Não quero questionar suas verdades. Estou te fazendo uma proposta simples, espero uma resposta. Só isso.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Você está me fazendo uma proposta impossível de ser cumprida. Se você estivesse me oferecendo seu corpo tudo bem, mas seu amor...</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Estou te oferecendo meu corpo também. Quem ama se entrega de corpo e alma.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Alma. Aí é que está. Você pode até me entregar seu corpo, mas sua alma não, a não ser que seu amor seja sincero. </span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Você pode ver a alma de alguém que diz te amar? Pode tocar a alma?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Não, mas posso perceber através das atitudes. Falar que ama é fácil, agir conforme esse amor já é outra coisa.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Então, no fim das contas, o que realmente importa não é o sentimento, mas as atitudes?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- O sentimento leva às atitudes.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Pode até ser, mas o fato é que você não vê sentimentos, então não deixa de ser uma suposição, fruto de uma espécie de fé.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Sim. Se sentir amado pode ser isso mesmo, perceber as atitudes do outro e acreditar que elas são motivadas por amor, e não por outro sentimento.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Então, na verdade, não interessa tanto se eu sou capaz de te amar ou não, mas se você é capaz de acreditar ou não. O meu amor por você tem que ser uma criação tão sua quanto minha. É isso?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Você não disse qual é o preço do aluguel.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Isso é você que vai decidir.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Eu que vou dizer quanto vale o seu amor?</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- E não é sempre assim? O máximo que a gente pode fazer é amar, mas quem diz o quanto esse amor vale é o ser amado.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- E se eu te oferecer nada em troca.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Aí nada feito. Amor sem qualquer retribuição só o materno, e não é isso que estou te oferecendo.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Ei, garota. Estava ouvindo a conversa e estou disposto a atribuir um valor ao seu amor e pagar por ele.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">- Negócio fechado.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;">Ela se aninhou no abraço aberto a sua espera e acompanhou aquele homem impetuoso que escutara toda a conversa sem que ela tivesse percebido. Antes, porém, despediu-se com um sorriso daquele a quem ela poderia ter amado. Mas não amou.</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-5576965646895531642010-08-08T13:11:00.001-07:002010-08-08T13:58:00.146-07:00PAPELe<object width="450" height="300"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QAlo_1zQDuo&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/QAlo_1zQDuo&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="450" height="300"></embed></object><br /><br /><span style="font-size:130%;">O poeta pinta o mundo com as cores dos seus devaneios. Transforma a sua arte na veste que esquenta, protege e acalenta a alma da mulher. O poeta sabe dela, das suas angústias, melhor do que ela mesma poderia explicar. Ele penetra profundamente nas cavidades mais obscuras do espírito mundano e vadio da mulher. O poeta já a enlaçou tantas e tantas vezes com seus rabiscos despudorados que ela já não sabe mais quando tudo isso começou. Mas a mulher não é poeta. Ela é prosa. Prosa de seus encantos tanto quanto dos seus equívocos. A mulher não encontrará o poeta no paraíso de sua criação. Ela tem um coração vagabundo e os pés plantados no chão. A mulher não sonha como o poeta. Ela deseja o poeta. A mulher deseja que ele use o corpo dela pra riscar um soneto-encontro. Pele de papel, tinta rubra, vinho tinto. Ela quer ser despida literalmente. Literatura de alcova. A mulher quer ver o poeta se perdendo nas curvas do seu corpo, se encontrando na direção de seu desejo. Desejo. Ela deseja. Ele poema. Eles, rabiscos errantes numa linha. Linhas paralelas esperando o ponto de intersecção ou o ponto final.</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-79093753477473234042010-08-06T11:27:00.000-07:002010-08-06T11:50:51.884-07:00Fugaz<object width="450" height="300"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/GJUOcrQ9_RM&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/GJUOcrQ9_RM&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="450" height="300"></embed></object>align="center"><br /><div align="center"></div><div align="center"><span style="font-size:180%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:180%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:180%;"><br /><br />Deitada no chão da sala.</span></div><div align="center"><span style="font-size:180%;">Na cara, o sol que pulou a janela.</span></div><div align="center"><span style="font-size:180%;">Na certa, felicidade não é coisa tão rara.</span></div><div align="justify"><span style="font-size:180%;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"><br /><br />P.S.: Minhas desculpas aos amigos que insistem em vir aqui. Faz tempo que não os visito e obviamente eu estou perdendo mais que vocês. Mas ando num daqueles períodos de ter tanto o que dizer que não se consegue dizer nada... ou escrever. Como sempre, uma hora ou outra, eu volto. E não, isso não é uma ameaça... rs. </span></div>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-53346208639483525542010-07-10T13:32:00.000-07:002010-07-11T17:41:12.984-07:00Estranha(mente) vestida<span style="font-size:130%;">É, meninos, vocês têm razão. Nós, mulheres, somos muito estranhas. Mas vamos combinar que também é bem estranho sangrar "em bicas" todos os meses, sentir uma dor dos diabos, ter vontade de sair pelas ruas metralhando todos os idiotas desse mundo e ao mesmo tempo ter vontade de se esconder embaixo do edredon e não sair de lá nunca mais. E além disso continuar acordando todos os dias, fazer 350 coisas ao mesmo tempo e ainda ouvir às 8 da manhã que você é a nora que a mamãe do pedreiro da esquina (que não necessariamente é pedreiro) espera ansiosamente. É isso aí, meus queridos, ser mulher não é a-coisa-mais-fácil-desse-mundo. Tudo bem, isso tudo justifica mas não explica. Vocês provavelmente continuam nos achando estranhas e eu, de bom grado, continuo aceitando o rótulo, até porque admito que sinto e faço coisas que corroboram essa sua opinião.<br /><br />A pessoa aqui apesar de longe de se classificar como um exemplar da mulher moderna culta, viajada, mega esperta e bem resolvida, também não se encaixa no perfil garota sarada cabeça oca. Estudar sempre foi uma opção. Ler, em alguns momentos, quase tão prazeroso quanto um orgasmo múltiplo. Se um dia eu resolver aderir a algum culto extravagente, será ao cérebro, ao meu, inclusive. Já viajar, no sentido literal ou não, é um hábito. Quanto a ser bem resolvida, digamos que eu tenha uma relação de amor e ódio com meus próprios sentimentos.<br /><br />Acontece que ontem estava eu procurando um bat-vestido para as mulheres criticarem e os homens nem notarem num casamento que pretendo ir hoje mais tarde e eis que me peguei tendo a satisfação pessoal mais perceptível dos últimos dias. Ganhei na sena? Dei de cara com um príncipe encantado (lê-se cara gente boa, inteligente, divertido e lindo!!!)? Saiu aquela bolsa tão esperada pro mestrado na Europa? Nãoooooooo. Serviu-me (muito bem, minha falta de modéstia tem que acrescentar) um vestido "P".<br /><br />Você está rindo? Provavelmente é homem ou tem medidas de uma menina de 12 anos. Porque, sinceramente, qualquer mulher com medidas de gente grande, que tenha bunda, perna e todo o resto que uma pessoa normal tem, sabe que entrar num vestido "P" não é assim uma coisa tão banal. Portanto, chamem-me de fútil, vazia ou ESTRANHA. Mas o fato é que hoje à noite vou "me enfiar" num vestidinho "P" e, por algumas horas, vou brincar de ser livre, leve e solta. </span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">P.S.: Ando me divertindo com um novo brinquedinho. Pensou bobagem??? Nada. Resolvi me render ao twitter (</span><a href="http://www.twitter.com/@daspe3"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">www.twitter.com/@daspe3</span></a><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">).</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-78266015311443223512010-06-07T16:29:00.000-07:002010-06-07T14:54:54.504-07:00Corrente<p align="center"><object width="500" height="300"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/AyIte1h7QIU&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/AyIte1h7QIU&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="500" height="300"></embed></object><br /><br /><span style="font-size:130%;">Fim de tarde... Tarde </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">de sol... Sol </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">enamorado por um mar de mansas ondas... Ondas </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">lambendo a fofa areia... Areia</span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">arena de meninos (alguns não tão meninos) correndo atrás da redonda... Redonda </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">curva da musa morena, ainda que loura... Loura </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">gelada saindo da lata num chiado-melodia... Melodia </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">doce do violão safado no dueto com o mar... Mar</span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">que apaga os passos dados e descortina outros caminhos... Caminhos </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">tortuosos de um cigano coração... Coração </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">mambembe que, à beira-mar, brinca de estar em paz... Paz </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">de fim de tarde... Tarde </span></p><p align="center"><span style="font-size:130%;">furta-cor, cambiante, passageira... Passageira... </span></p><p align="center"><br /></p>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-24973003337488393232010-05-05T14:16:00.000-07:002010-05-13T09:30:00.260-07:00(Não)Ser<p align="center"><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/5YXVMCHG-Nk&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/5YXVMCHG-Nk&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br /><span style="font-size:130%;">É um vazio cheio, lotado, transbordante. </span></p><span style="font-size:130%;"><p align="center">Uma lacuna que clama e se proclama.</p><p align="center">Avisa aos quatro cantos a sua existência.</p><p align="center">Mas ela não existe. É um não-ser.</p><p align="center">E quando alguém a encara face a face,</p><p align="center">depara-se com o que não pode conceber.</p><p align="center">Um paradoxo sem aparente contradição.</p><p align="center">O que é consumido sem, contudo, fenecer.</p><p align="center">A certeza mais dúbia que uma interrogação.</span> </p><p align="center"><span style="color:#cc33cc;">P.S.: É isso. Estou de volta. Senti saudade de todos, daqui, de uma parte de mim.</span></p>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-48128382787010234372010-04-12T21:22:00.000-07:002010-06-07T13:06:30.123-07:00E agora José?<object width="450" height="250"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/d3UB5Fr80SM&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/d3UB5Fr80SM&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="450" height="250"></embed></object><br /><br /><span style="font-size:130%;">13 de abril, 01:23 h. Estou em casa, em Icaraí, Niterói. Há uma semana, bem perto daqui, um homem morreu soterrado em seu próprio carro enquanto trafegava em uma área nobre da cidade. Junto com ele estavam esposa e filha. Ambas foram salvas por um conhecido atleta brasileiro. Mas não faz sentido identificá-lo. Na história que estou contando, heróis são anônimos. Eles usam apenas uma alcunha, um nome de guerra. Solidariedade.<br /><br />A madrugada agora está silenciosa. Não chove, não venta forte. Há apenas um frio que percorre a espinha, como pra me lembrar que neste exato momento, não muito longe daqui, uma tragédia continua se desenrolando. Fico me perguntando como pode estar tudo tão aparentemente normal. Como as pessoas podem continuar indo ao cinema, levando o cachorro pra passear, comprando roupas enquanto há dezenas de pessoas perdidas num mundo de lixo e lama?<br /><br />Neste instante, enquanto escrevo, mães, irmãos, filhos, amigos esperam ansiosos uma notícia. Só que eles sabem que a notícia não será confortante, muito menos feliz. No máximo, um alívio. O alívio de enterrar os corpos dos seus entes queridos longe de onde estiveram "enterrados" enquanto vivos. No lixo, na lama, no esquecimento. É por isso que eles esperam, de olhos vidrados, as buscas que bombeiros e voluntários fazem no meio dos escombros. Querem que a morte ao menos seja a redenção, que ela liberte seus afetos da "cova" em que estiveram presos por toda a vida. E também é por isso que tantas pessoas, a apenas alguns quilômetros do lugar da tragédia, continuam suas vidas normalmente. Pra elas, aquelas pessoas já estavam enterradas no lixo e na lama muito antes do morro desabar.<br /><br />Há quem diga que é isso mesmo. Os viúvos que chorem seus mortos e deixem que o resto do mundo continue a girar. Mas há quem pense diferente, especialmente há quem sinta diferente. Pessoas que, ao ver seres humanos vivendo e morrendo numa montanha de lixo, sentem-se meio órfãs também. Pessoas que não podem passar impunemente por uma tragédia dessas acontecida bem diante dos seus olhos. Pessoas que choram a dor do outro porque, de alguma forma, também é sua aquela dor. Pessoas que saem de suas casas debaixo de chuva para ir a um abrigo cheio de desconhecidos oferecer comida, roupa, solidariedade.<br /><br />Todos sabem que houve, mais uma vez, omissão do governo. Todos sabem que a tragédia podia ter sido evitada. Milhões de discursos são reproduzidos, críticas formuladas. O poder público merece cada uma delas e é através da nossa cobrança que novas tragédias serão evitadas. Mas, enquanto observo da minha janela a apatia de tantos de nós, penso que a omissão não é um mal que ataca só o governo. Nós também nos omitimos, também jogamos um pouco de lixo sobre aquelas pessoas e agora também podíamos estar fazendo um pouco mais por elas.<br /></span><br /><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">P.S.: Vocês não têm ideia de como está a situação em várias áreas aqui de Niterói. Parece um cenário de guerra. Qualquer descrição que possa ser feita será incompleta, rasa. Centenas de pessoas perderam tudo que tinham, inclusive a esperança. Tudo é extremamente importante pra essas mulheres, homens, crianças, idosos, mesmo as coisas mais simples como pasta de dente, água mineral, papel higiênico. Se alguém se interessar em ajudar, com qualquer coisa, entre em contato através do e-mail </span><a href="mailto:daspe3@hotmail.com"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">daspe3@hotmail.com</span></a><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">.<br /></span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-83581661554123775202010-03-31T09:28:00.001-07:002010-04-29T21:01:15.968-07:00Eu, tu, ele, ela<span style="font-size:130%;"><span style="color:#ff0000;">REDenção<br />(Mário Liz)<br /><br />eu ceio o amor. ceio sem saber se seio ou se pele ou se coração. o vento na direção do meu peito. minh’alma longe do chão. perto de mim. deserta de medo. repleta dos mundos que quero. refém da paixão que decoro. minhas cismas de afeto. um cheiro repleto do teu olhar. do Eu-Olhar tuas ruas. tuas carnes nuas de seda. tua nudez nas alamedas do meu desejo. eu vejo uma força tremenda a me dominar. eu sinto a loucura ninar meus ensejos. e vejo teus beijos no som que vem me abraçar. no sol que nasce vermelho. e que morre vermelho tal como o amor vai me findar. tal como as roseiras que vertem seu brilho. no caminho certo que os olhos vão repousar. tal como o sangue também é vermelho. o sangue da terra. o sangue do rio. o sangue do mar. eu tenho esse visgo nas veias. o avesso exposto no verso. universo que ponho a rimar. é por isso que ri mares na vida (ao invés de chorar). é por isso que minha flor se prende ao Agora. e que a poesia me surge Senhora: sem hora de partir ou voltar. vou estar sempre aqui. no acolá das emoções. é onde caminho. é onde me enlaço. desata teus dedos. é cedo, vem me encontrar.<br /></span><br /><br /></span><span style="font-size:130%;"><span style="color:#009900;">Sobre os brios da soberba<br />(Ana Clara Otoni)<br /><br />É difícil me despedir, sem nunca ter chegado. Sem ter percebido a capacidade de me acolher dos seus braços. Nunca ter me feito sua de fato.<br />O mais complicado porém é confessar tudo isso sem dizer nada. É reconhecer que o meu orgulho me mantém parada e firme na minha completa arrogância.<br />É pior ainda não ter seu afago, aquele mesmo que eu nunca senti. Ou não quis. Pensar que nada mais justifica o seu bem querer a mim mesma, uma vez que sou eu quem pede para ser deixada. A palavra que mais admiro é muda: o silêncio. E é talvez por isso que eu nunca tenha sentido sua respiração quente, seu peito febril e seu amor incontrolável.<br />Me perdia sempre no vazio, no meu mudo, surdo e calmo quarto. Enquanto você contava problemas, soluçava façanhas e eu com o olhar fixo no branco gélido da parede. Se eu pedir baixinho, se mendigar cura, se rezar todas as noites e você prometer que tudo isso passa, a prepotência, a insegurança, o medo e o vazio, eu juro que te tento me entregar. Se me ajudar a vender, doar, erradicar todo esse orgulho que ruboriza, der viço e o tom a toda a minha petulância, juro que tento me entregar. Mas que fique claro, não poderei me despedir, falar ou prometer coisas assim vãs sem que tenha me mostrado o poder de seus braços.</span><br /></span><br /><span style="color:#999999;">P.S.: 10.000 acessos. É impressionante isso já que vejo tantos blogueiros preocupados em escrever o que e da forma que interesse o leitor. Há técnicas, dicas, estratégias. E eu, que neste contexto, não me considero blogueira (coisa mais pomposa), muito menos "marketeira" de mão cheia, só posso agradecer aos queridos que não satisfeitos por visitarem o Impressões, ainda deixam suas próprias impressões, que me levam a tantos outros destinos. Alguns inimagináveis, inicialmente. Por isso que minha forma de comemorar é reverenciar o que me é tão caro quanto escrever, ler. Ler textos, pensamentos, sentimentos, pessoas. 2 pessoas que não se conhecem, nem sequer sabem da existência uma da outra, mas, em determinado momento, conversaram através de seus textos. Cada uma com seu estilo, seus mecanismos, seus motivos, sua beleza. A intersecção? Eu. Meu gosto, meu respeito, minha admiração.<br /><br />Mário pode ser "lido" em </span><a href="http://www.meiomarmeiorio.blogspot.com/"><span style="color:#999999;">www.meiomarmeiorio.blogspot.com/</span></a><span style="color:#999999;"><br /><br />Ana Clara pode ser "lida" em </span><a href="http://www.anaclaraotoni.blogspot.com/"><span style="color:#999999;">www.anaclaraotoni.blogspot.com/</span></a><span style="color:#999999;"><br /><br />Aos dois e a todos aqueles que alimentam essa "força estranha" que há dentro de mim, muito obrigada. </span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-46746866859980496742010-03-12T19:12:00.000-08:002010-03-18T18:12:29.984-07:00Lua, lagartixa, ledo (engano)<object width="350" height="250"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/modXbqbsAvs&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/modXbqbsAvs&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="350" height="250"></embed></object><br /><br />- Tenho medo de você.<br /><br />- Acha que posso roubar seu coração?<br /><br />- Não. Meu coração é feito rabo de lagartixa.<br /><br />- Frio e dispensável?<br /><br />- Ele se reconstrói sozinho quando alguém o mutila. Ele se regenera.<br /><br />- Hummmm... Então temos aqui um coração regenerado. Largou o vício de amar pouco e desejar tudo?<br /><br />- Eu não desejo tudo.<br /><br />- Só ama pouco?<br /><br />- Eu poderia te amar muito.<br /><br />- E eu poderia ir à Lua.<br /><br />- Você é tão intangível quanto a Lua?<br /><br />- Não acho que a Lua seja intangível. Ela só está distante de nós.<br /><br />- O que acaba sendo a mesma coisa. Que diferença faz algo ser tangível, se EU não posso tocar?<br /><br />- A diferença é que, neste caso, é uma questão circunstancial, não é definitivo.<br /><br />- Tudo é definitivo se levarmos em conta que a única coisa que temos é o agora.<br /><br />- Temos outras coisas também. Você, por exemplo, tem um coração de rabo de lagartixa.<br /><br />- Assim como você tem o seu sarcasmo.<br /><br />- Cada um se defende como pode, não?<br /><br />- Até não conseguir mais se defender.<br /><br />- Ou não querer.<br /><br />- É. Ou não querer...Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-66805584774732255782010-03-12T18:41:00.000-08:002010-03-13T09:06:17.680-08:00Desejo<object width="500" height="250"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/mHff55AeEAQ&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/mHff55AeEAQ&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="500" height="250"></embed></object><div align="center"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;"><br /><br />Estou lhe convidando a entrar no meu mundo. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Me vire do avesso, chegue até o fundo. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Leve tudo o que puder carregar. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não se preocupe. Não estará me espoliando. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Tudo que for, renascerá.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não pense em utilidades, conveniências, convenções. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não deseje nem me ofereça retribuições.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não me faça feliz. Não faça sexo. Não faça amor.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Faça verdade. Faça de verdade. Seja o que for.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Percorra minhas curvas, caminhe à beira dos meus abismos.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não socorra náufragos, não construa pontes em precipícios.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Seja corajoso e esqueça os heroísmos.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Tire a armadura, baixe a guarda. Arregace o peito, mostre a alma.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não pense em parar o tempo, nem romper com o mundo lá fora.</span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Não fique aí imaginando o que eu espero. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Eu não espero. Eu quero. </span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;">Quero que seja aqui. Quero que seja agora. </span></div>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-36444032652767893192010-03-08T11:02:00.000-08:002010-03-11T08:27:38.243-08:00Reflexão<p align="justify"><embed src="http://www.youtube.com/v/nmKAWDQKvvI&hl=" width="400" height="300" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always" fs="1&"></embed><br /><span style="font-size:130%;"><br />O tempo é um reflexo. Vejo meu rosto refletido numa poça rasa e ele devia parecer menos nítido, mais disforme. Mas na instabilidade daquelas oscilações vejo a nitidez das minhas formas. Formação. Formatura. Disposição ordenada de tropas. Houve uma guerra. Entre mortos e feridas, alguns não se salvaram. Um embate tem suas baixas. Baixa. Depressão de terreno. Vejo rugas no meu rosto. Não são muitas. Poderiam ser mais se a poça refletisse o que há por trás da máscara e chegasse bem lá no fundo. Baixa. O fundo de um vale. O fundo da poça. Poça rasa. Pouca água. Muitos reflexos. O sol, no dia. Na noite, o farol. Duas faces de uma mesma moeda. Cara e coroa. A minha cara refletida na poça. Sem auréola, sem coroa. Noite e dia. Tempo passando. Tempo ficando. Tempo refletindo. </span></p><p align="justify"><span style="font-size:130%;"><span style="color:#cc33cc;">P.S.: Hoje é o dia da mulher, né? Então, pra não passar em branco...<br /><br />- Feliz Dia da Mulher !!!<br />- Dia da mulher é todo dia.<br />- Todo dia inclusive hoje?<br />- Se é todo dia, obviamente inclui hoje.<br />- Então... Feliz Dia da Mulher !!! </span></p><br /></span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-74738048632181192412010-03-03T12:46:00.000-08:002010-03-03T14:10:27.384-08:00Respeitável público<div align="center"><span style="font-size:130%;">Atenção ao picadeiro<br /><br />Que comece o espetáculo<br /><br />Ele, em trapézio de versos<br /><br />Eu, olhos atentos<br /><br />Coração aos saltos<br /><br />Ele não é o que parece ser<br /><br />Nem só poeta<br /><br />Nem só palhaço<br /><br />É o que não se pode conceber<br /><br />Doma o tempo<br /><br />Adestra sentimentos<br /><br />Ele é o mago</span></div><br /><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;">P.S.1: "Respeitável Público" foi literalmente uma lembrança dada a um querido amigo. Um dia estava na estrada, indo pra uma audiência numa cidade próxima, quando, de repente, Tossan veio a minha cabeça e esse poema surgiu assim, quase completo, como se já estivesse pronto, gravitando entre as nuvens que cobriam o céu naquela manhã nublada. Acho que ele (o poema, assim como o próprio Tossan) já vinha se construindo não só a partir de minhas próprias impressões, como de cada comentário que li no </span><a href="http://www.klictossan.blogspot.com/"><span style="color:#cc33cc;">http://www.klictossan.blogspot.com/</span></a><span style="color:#cc33cc;">. Enfim, "Respeitável Público" não nasceu só da minha enorme simpatia por pessoas sensíveis, que não têm o menor pudor em mostrar sua delicadeza, em oferecer sua gentileza, tal poema nasceu antes do encantamento que vi se repetir incontáveis vezes nas palavras das dezenas de pessoas que o visitam a cada novo post. </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="color:#cc33cc;">P.S.2: Aproveito a oportunidade pra agradecer o recorrente carinho da In Natura que, mais uma vez, publicou um texto meu (</span><a href="http://www.goldinnatura.blogspot.com/2010/02/respeitavel-publico"><span style="color:#cc33cc;">www.goldinnatura.blogspot.com/2010/02/respeitavel-publico</span></a><span style="color:#cc33cc;">) e, ainda, me deu a oportunidade de homenagear um querido amigo.</span></div>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-56723875166700220952010-02-23T15:22:00.000-08:002010-02-23T10:22:10.966-08:00Mais que perfeito<p><object width="300" height="200"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/jO5hO3XfyIg&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/jO5hO3XfyIg&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="300" height="200"></embed></object><br />O amor perfeito<br />tem raízes profundas, pra se manter nutrido<br />caule flexível, pra se manter de pé<br />pétalas delicadas, pra espalhar beleza, renovar a fé<br /><br />O amor imperfeito<br />é exatamente igual.<br />mas você o cultiva em casa<br />como quem olha uma flor que cresce<br />no quintal.<br /><br />Então, meus caros, aviso:<br />amem assim... mas olhando a flor<br />no jardins do mundo.<br />pois o amor perfeito<br />é feito a luz de rio e mar:<br />é ora doce, ora salgado, ora leve<br />e ora profundo.<br /><br />Mário Liz e Dani Pedroza - 30/01/10<br /><br /><span style="color:#cc33cc;">P.S.: Escrever em parceria é como fazer sexo. Até que, no início, você tem algumas expectativas, pretensões, mas, ao fechar os olhos, abrir os lábios, entregar o corpo, o que realmente passa a determinar os acontecimentos, os sentimentos, os desejos, é o próprio desenrolar dos movimentos. Movimentos de corpos, almas, mãos. 4 mãos.</span> </p>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-43876029003087511742010-02-18T14:51:00.000-08:002010-02-21T21:36:39.153-08:00Ideologia<div align="justify"><span style="font-size:130%;">Eu gosto de ver um dia nascendo. Gosto de perceber aquele breve momento em que noite e dia se encontram, fundem-se. Confundem-se. Jogo de luz, profusão de cores. Inegável a beleza da sinfonia que se repete a cada manhã. Pássaros, passos, cantos, sussuros. O dia perfuma-se pra ganhar o mundo. Colônia, sabão e café. O gosto forte, meio amargo, revigorante. Gosto de mais um dia que começa. Uma obra de arte que admiro assim como as telas que não consigo decifrar. Matizes de cores, angústias, amores que não me são familiares. De dia sou espectadora, visitante, expedicionária. Meio deslumbrada, meio desconfortável. Há o reconhecimento dos encantos, mas a sensação mais densa é um incômodo que me lateja as vísceras. A percepção de uma injustiça, de uma impunidade recorrentes, inevitáveis, incontroláveis. A noite se foi, a luz penetra em mim por cada poro, cada brecha dessa minha alma cheia de lacunas e o jeito é ganhar o mundo, sentir o calor, viver. Caminhar até o próximo abrigo, o momento em que a brutalidade de um rei onipresente é substituída por pontos de cristal que iluminam com sutileza um universo de escuridão e possibilidades. A noite é meu lar, meu mundo, meu contexto. Covardia? Pode ser. Talvez seja mais uma questão ideológica. Sou radicalmente contra qualquer tipo de violência. E nada, nada é tão truculento quanto o excesso de luz.<br /><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">P.S.1: Verbete - Ideologia: 1 Filos Ciência que trata da formação das idéias. 2 Tratado das idéias em abstrato. 3 Filos Sistema que considera a sensação como fonte única dos nossos conhecimentos e único princípio das nossas faculdades. 4 Maneira de pensar que caracteriza um indivíduo ou um grupo de pessoas.<br /><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">Idéias... pensamentos... sensações... </span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;"><br /><br />P.S.2: Hoje tive mais uma grata surpresa. "Respeitável Público", um afago que dei ao querido amigo Tossan, foi publicado em <a href="http://www.goldinnatura.blogspot.com/2010/02/respeitavel-publico.html">www.goldinnatura.blogspot.com/2010/02/respeitavel-publico.html</a>. </span></div>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-7375446885093180622010-02-04T10:04:00.001-08:002010-02-04T12:02:26.860-08:00Verdadeiro delírio<p><object width="300" height="200"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Y9etG5rYiSI&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always">
<br /><embed src="http://www.youtube.com/v/Y9etG5rYiSI&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="300" height="200"></embed></object>
<br /><span style="font-size:130%;">Há poucas verdades absolutas nessa vida. E a metade delas é simples e explícita demais pra ser alcançada pelo tão abrangente entendimento humano. Mas eu não sou humano, nem existo de verdade. Sou uma ilusão, um delírio, mais conhecido como narrador, o que tudo vê, tudo pode, tudo alcança. Resumindo, o todo-poderoso. Mentira. Esse meu megalomanismo ainda me mata. Mata? Como posso morrer se não nasci? Nem inventado eu fui. Lembram? Sou um delírio. Um delírio generoso disposto a lhes revelar uma das poucas verdades dessa vida. O amor tem preço sim. Nada, absolutamente nada nessa vida, vem de graça. E mais, como todo o resto, o preço do amor não é fixo, varia de acordo com o câmbio do dia.
<br />
<br />...
<br />
<br />Naquela noite, chegou em casa cantarolando "O Barbeiro de Sevilha". A vizinha provavelmente achou que ele estava em algum tipo de surto psicótico. Há anos dividia seu apartamento apenas com o silêncio. Nada de músicas, informações ou divagações solitárias. Foi até a cozinha servir a comida que havia trazido. Daquele momento em diante, não jantaria mais sozinho. Agora ela estava ali, esfuziante, companheira, solidária e principalmente fiel. Ela não iria embora. Só a morte os separaria. Ao retirar de uma bolsa plástica as coisas que havia comprado, achou uma nota fiscal. Entre outros itens, estava lá:
<br />
<br />- Cadela Daschund________________________R$200,00
<br />
<br />...
<br />
<br />É, meus caros, como eu havia dito, o amor tem preço. E pode ser surpreendentemente barato. Decepcionados? Que bobagem. Essa não é uma notícia ruim. Nem eu, além de intrometido, sou sádico. Sou apenas um (quase sempre) sincero narrador. Aliás, como eu também falara inicialmente, sou apenas um delírio.
<br /></span>
<br /><span style="font-size:130%;"><span style="color:#cc33cc;">P.S.: Hoje fui surpreendida por uma notícia que me deixou muito honrada. "Flagrante cumplicidade", texto postado no Impressões há um tempo, está no Jornal da Lua. Quem puder passar por lá pra dar uma olhada vai entender por que fiquei tão lisonjeada. O blog é ótimo, a escolha dos posts é cuidadosa e nada previsível, consegue ser bem humorado sem ser engraçadinho, inteligente sem ser enfadonho. Além do mais, Bill, o "pai da criança", é uma das pessoas mais interessantes que já encontrei por essas minhas andanças pela blogosfera. Quer ver como não estou exagerando? Olha só: </span></span></span><a href="http://www.jornaldalua.blogspot.com/"><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">www.jornaldalua.blogspot.com/</span></a><span style="font-size:130%;color:#cc33cc;">
<br /></span></p>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-39923937787973447302010-01-30T13:01:00.000-08:002010-02-04T10:14:58.706-08:00Na extrema medida<span style="font-size:130%;">Inevitável que, hora ou outra, as pessoas se vejam diante de si mesmas. Indefesas, tal bicho acuado, em frente a um espelho infinito. As paredes, os muros, os olhos dos outros, os seus próprios. Nesse momento, não há mais fugas, saídas de emergência, pela tangente. Tangência, intersecção. Duas linhas que, outrora paralelas, resolvem se encontrar. Aqui, justamente aqui, exatamente agora. E é hora da verdade. Ver e admitir o que precisa ser reconhecido. Conhecido. Sou uma fraude, uma farsa, um engano!!! Mas também não é caso de desengano. A verdade nem sempre é uma cusparada na cara, pode ser afago, solução. A cura. A partir de hoje, tudo, absolutamente tudo que eu disser, escrever, fizer, sentir. Tudo será escoltado por aspas. Portanto, assim que eu chegar, observe que elas me antecederam e quando eu partir serão elas que encostarão a porta. Por que medida tão extrema? Pergunta a cautela. Por quê? Eu contarei. Abra aspas, por favor. Eu sou a soma de cada palavra, cada sentimento, cada lágrima que vi rolar em faces que não são a minha. Tudo que digo já ouvi antes. Tudo que faço é reagir ao que veio de fora. Até o que sinto é uma cópia mal ajambrada do que testemunhei. Quando ando, imito o vento. Quando amo, imito o mar. Quando sonho, imito o Martinho. Sabe aquele? O pescador. Ele tem asas, voa, mas ele mergulha. Às vezes, por nada. Noutras, encontra o peixe. Engole. Absorve. Eu absorvo a vida, o mundo inteiro, o outro. É dele que me nutro, é o sangue que me corre nas veias, a lágrima que rola no meu rosto. Rosto que também é uma reprodução. Nariz de um, focinho de outro. O meu jeito de sorrir é como o dele. A forma que mexo no cabelo é igual a dela. Até o meu olhar. Tão aparentemente meu. Até ele não é tão próprio assim. É ordinário, comum. Comum acordo de circunstâncias que, muitas vezes, eu desconheço. Só sei que sou eu, apesar de não saber quem sou eu. Não exatamente. Não completamente. Mas, neste momento, estou aqui, de frente pro espelho, ele falou comigo e eu ouvi. Por isso, meu caro, não leve a mal o desabafo e, por favor, feche as aspas depois que eu sair.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-59414490677441650262010-01-27T09:08:00.000-08:002010-01-27T10:36:52.169-08:00Daqui pra frenteComo todos já perceberam, fiz uma faxina na casa. Há algum tempo, amigos vinham reclamando da letra pequena demais, da aparência quilométrica dos textos, e ultimamente eu também vinha me incomodando com o excesso de "penduricalhos" e o pouco espaço pros posts. Ah, quer saber? Talvez não seja nada disso, talvez mudar o layout do blog seja só consequência natural da transformação lenta e progressiva que o Impressões veio sofrendo nos últimos tempos. Aliás, não foi só a cara do blog que mudou, viram? A minha também. Resolvi passar a usar minha foto e meu nome nos comentários. Há quem diga que, enfim, resolvi assumir os filhos bastardos que eu teimo em trazer ao mundo dia após dia. Exagero, claro. É só uma novo fase, mais uma...<br /><br />Ahhh... não podia deixar de agradecer a Melia (<a href="http://www.bad-bed.blogspot.com/">www.bad-bed.blogspot.com/</a>) que mais uma vez exercitou sua infinita paciência ao intermediar essa relação de amor e ódio entre mim e as ferramentas do blogger. Sem você, amiga, estaria usando aquele mesmo layout de 2 anos atrás. Agradeço também a Mai (<a href="http://www.inspirar-poesia.blogspot.com/">www.inspirar-poesia.blogspot.com/</a>) por, com seu olhar atento e sensível, captar o que nem uma centena de palavras poderiam explicar e a Kari (<a href="http://www.botandopra-fora.blogspot.com/">www.botandopra-fora.blogspot.com/</a>) por me enviar por e-mail o banner que eu há tempos vinha procurando.<br /><br />Aproveitando a parada nos contos e poemas pra falar sobre a vida (sur)real. Algumas pessoas me pediram notícias e percebi que realmente havia deixado mais uma história sem continuação. Então, vamos aos últimos acontecimentos.<br /><br />Depois de 6 meses do transplante, o risco de rejeição é quase zero. Após a cirurgia, as 4 sessões diárias de diálise puderam ser totalmente canceladas e a vida vem tomando seu curso (quase) normal. É isso. Acho que posso dizer que saímos as duas curadas daquele hospital. Cada uma a sua maneira. Obrigada a todos por cada palavra de carinho, por cada gesto de solidariedade.Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-41785901838975761722010-01-24T14:39:00.000-08:002010-01-27T09:06:55.969-08:00Voltando à tona<p align="left"><object width="300" height="200"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/2R0n5mfMl-8&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/2R0n5mfMl-8&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="300" height="200"></embed></object><br /><br /><span style="color:#999999;">Hoje é dia 31 de dezembro de 2009. Faz exatamente 10 dias que ele resolveu dar fim a sua vida. Fez isso antes que simplesmente deixasse de existir, se desintegrasse, implodisse, fosse esmagado por seus próprios sentimentos (ou pela falta deles). Morreu mas não partiu. Nem pra cima, nem pra baixo. O chão não se abriu, uma luz não brilhou no céu. Nenhum sinal, nenhuma trombeta tocando. Ele foi ficando, sempre esperando, mas nada aconteceu. Só que hoje é dia 31 de dezembro e, se resolveu se matar justamente por não querer se transformar em um vivo morto, muito menos vai entrar o ano de 2010 na condição de morto vivo.<br /><br />Pra frente é que se anda, já dizia o ditado. Já que nem o céu nem as profundezas pareciam muito dispostos a recebê-lo, o jeito era caminhar pra frente. Tentou o primeiro passo. Nada. Sentia como se seus pés (de vento) pesassem 200 kg, simplesmente não conseguia movê-los. Não entendeu. Era um fantasma, devia plainar no ar, com a leveza dos espectros. Mais uma tentativa. Nem sinal de qualquer movimento. Exausto, olhou em volta à procura de abrigo. Não havia cadeiras, não havia encostos. Talvez o castigo divino por uma vida inteira de ócio e sacanagem fosse passar toda a eternidade em pé, sem conseguir dar ao menos um passo (ou vôo) à frente. Mas cadê o Todo Poderoso que nem se dignou a se levantar de seu trono sagrado e dar "pessoalmente" a sentença?<br /><br />Não podia ser. Devia haver uma saída. Lembrou que morto não sentia dor. (Doce ilusão. Mas disso ele não sabia ainda.) Juntou toda a força que lhe restava e se jogou de costas ao chão que, na verdade, não conseguia enxergar. Não caiu, mas deu alguns passos atrás, o que o fez descobrir que, se pra frente não conseguia andar, o caminho de volta estava aberto, esperando por ele. Por total falta de opção, voltou a mergulhar na escuridão de uma noite sem estrela, sem luar.<br /><br />...<br /><br />Abriu os olhos. Não estava mais caindo, estava plainando. Seus braços e pernas, num movimento ritmado. O homem, como não sabe voar, nada. Aquela noite em que ele se lançou num mergulho cego a princípio lhe parecia um mar revolto, agora era rio tranquilo. Se antes o repelia, empurrava cada vez mais em direção ao chão, agora o acolhia, o embalava, tal qual mãe saudosa envolvendo seu filho num abraço afetuoso. Chegou a sentir as mãos que o seguravam, os laços invisíveis que o puxavam de volta.<br /><br />De repente, foi tomado por um surto de lucidez e tudo ficou muito claro, como se uma lua cheia resolvesse dar o ar da graça pra fazer da noite dia, da perturbação consciência. Era o amor. O amor que ela sentia por ele. O amor que ele sentia por ela. Era ela que não lhe deixava partir de vez, a amante que se joga de joelhos, tranca as portas, rasga a carne e o peito. A amante que não deixa o ser amado prosseguir. Não ainda. Não até que o fogo se apague, não até serem totalmente consumidos, sorverem até a última gota. Ela que o trouxe de volta. E naquele instante ele soube que seria ela que diria a última palavra. Decidiria como seria o fim dessa história. A ele só restara a condição de refém. E não é isso, de uma forma ou de outra, que acontece com todos aqueles que ousam amá-la irrestrita e despudoradamente? Ela. Sempre ela. A vida.</span> </p><p align="left"><span style="color:#cc33cc;">P.S.: O final não é tão feliz como pode aparentar à primeira vista. Mesmo uma casa de paredes rosadas, com placa escrita "Lar, doce lar", será uma prisão angustiante se portas e janelas forem todas trancadas. A vida, geralmente, é amante muito mais "possessiva" que a morte. </span></p><p align="left"><span style="color:#cc33cc;">Brincadeirinha... o final é feliz sim, afinal, continuo sendo uma eterna otimista... rs. </span></p><p align="left"></p>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-57273494227158865522010-01-13T12:44:00.000-08:002010-01-27T09:05:21.394-08:00Um mergulho na escuridão<p><object width="300" height="200"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/B5T1mOXWNiY&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/B5T1mOXWNiY&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="300" height="200"></embed></object><br />Ele olhava pela janela um mundo ao qual, desde muito cedo, sabia não pertencer. Um mundo que girava alheio a sua vontade de parar, traçar novos rumos, voltar a andar, a sua vontade de poder escolher. Aliás, essa coisa toda de movimento circular e intermitente dava-lhe um certo enjôo, além de cansaço e uma sensação insuportável de inutilidade.<br /><br />Falava sem parar. Questionava. Ironizava. Usava todo o seu sarcasmo pra idiotizar um mundo de pessoas que, enquanto ele rosnava de sua janela escancarada, continuavam dormindo, vendo TV, comendo, sendo comidas, vivendo, sem ao menos se dar conta da existência de um homem cansado de tudo, de suas poesias, de suas músicas, de sua sordidez, de sua humanidade.<br /><br />Não era desprezo o que sentiam por ele. Era uma ausência total de sentimento, uma completa desconsideração da existência do outro. Ele, por motivos diferentes dos meus (o narrador), passou à condição igual a minha. Tornou-se uma ilusão. Só que eu sou um delírio de alguém. E ele, pobre-coitado, um delírio de si mesmo. Algo infinitamente mais solitário que a própria morte.</p><p>Mas ele não desistia de usar a sua janela como um palanque. Comício de partido pobre. Silencioso, melancólico, vazio. Naquela noite sem luar, nem mesmo uma estrela meio apagada resolveu aparecer. Só que uma ilusão tem a capacidade de criar outras pra garantir sua permanência e ele não agiu diferente. Ele podia sim ver uma plateia atenta. Atenta e necessitada, como miseráveis sedentos por pão, circo e uma migalha de afeto. Tratou logo de subir na janela pra ficar mais perto de sua audiência, o mundo inteiro. Um mundo que precisava ser parado. Se não por sua própria vontade, mas pelos dois pés que ele pretendia cravar no pedal do freio. Pés que, pra isso, precisavam se desgrudar da janela onde, naquele momento, ele estava de pé.<br /><br />Jogou-se. Mergulhou naquela noite apagada, sem lua, sem estrelas. Arregalou os olhos, queria ver o exato momento em que o mundo pararia de girar e as pessoas, enfim livres, deixariam de andar a esmo e trilhariam um novo caminho. Mas, de olhos bem abertos, tudo que conseguia ver era o chão, cada vez mais perto, mais perto, mais perto. Fechou os olhos.<br /><br /><span style="color:#cc33cc;">P.S.: Enfim, estou de volta com texto inédito. E devo dizer que andava com muita preguiça de escrever, de férias desses mergulhos profundos, mais disposta a molhar os pés em poças bem rasas e cristalinas. Só que alguns estímulos são prazerosamente arrebatadores e cá estou eu. Mário, poeta das minhas angústias, ser citada em seu blog é uma honra, mas o maior prazer disso tudo é a reciprocidade, a troca, a "comunhão", falo isso porque minhas inquietações, se não nascem, transbordam quando leio suas tão bem traçadas linhas. E como o assunto aqui é água, pra quem quer conhecer a nascente, eis o caminho: </span><a href="http://www.meiomarmeiorio.blogspot.com/"><span style="color:#cc33cc;">www.meiomarmeiorio.blogspot.com/</span></a><span style="color:#cc33cc;"><br /><br />Ahhh... já ia esquecendo, vale à pena dar uma olhada na letra da música que acompanha o post. Não é novidade que gosto (muito) das letras do Dylan, portanto, sou suspeita, mas, enfim, fica aí a dica. </span></p>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-9922342619460626882010-01-01T18:49:00.000-08:002010-01-01T19:01:12.284-08:00Uma questão de honra<object width="300" height="200"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/cn0S56WPkjQ&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/cn0S56WPkjQ&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="300" height="200"></embed></object><br /><br />- Doutor, tá indo embora?<br /><br />- Estou, já falei com meu cliente.<br /><br />- Tem um homem aí que tá precisando de advogado. Foi preso em flagrante há um tempão e até agora nem foi chamado no fórum. O senhor quer falar com ele?<br /><br />- Ele pode pagar?<br /><br />- Não sei. Parece que não tem muita coisa não. A mulher dele vem pras visitas puxando um monte de menino remelento pelo braço. Talvez tenha uma casa que possa vender. Só falando com ele.<br /><br />- Manda trazer o homem.<br /><br />(...)<br /><br />- Doutor, já vou dizendo que não tenho como pagar pelo seu serviço e nem sou homem de explorar o trabalho de ninguém. Dizem que tem um doutor que trabalha pra pobre, mas até agora nada desse homem aparecer. E a mulher fica chorando querendo saber se me demoro aqui, os meninos tão precisados de uma ruma de coisa e lá em casa de homem só eu mesmo. Só preciso que o senhor me responda se fico aqui ainda muito tempo.<br /><br />- Não sei. Essas coisas nunca dão pra saber com exatidão, mas eu poderia prever mais ou menos se tivesse seu processo em mãos. Bom, me diga o que aconteceu que vou ver o que dá pra fazer.<br /><br />- Eu furei um amaldiçoado há uns tempos atrás.<br /><br />- E ele morreu?<br /><br />- Ah doutor, homem que é homem não tira uma faca do cós só pra fazer medo não. Ele ofendeu minha santa mãe que já foi embora dessa terra de perdição há um bom tempo. Se eu deixasse por nada não andava de cabeça erguida mais nunca nessa vida.<br /><br />- E além de ofender sua mãe, o que mais ele fez?<br /><br />- Ele disse que ia me matar. Foi legítima defesa, doutor.<br /><br />- Então ele tinha uma arma também?<br /><br />- Sei não. O que ele tinha não sei dizer. Sei o que ele não tinha. Juízo. Com licença da má palavra, mas o filho de rapariga não tinha um pingo de juízo, se tivesse, não tinha bulido com a honra de um cabra macho.<br /><br />- Entendo.<br /><br />Mas ele não entendia. Nada sabia sobre honra, além do verbete que leu no dicionário e decorou logo no início da carreira. Afinal de contas, não há questões de honra na prova da OAB.<br /><br /><span style="color:#000000;">P.S.: "Uma questão de honra" também foi publicado no Impressões durante o ano de 2009. Infelizmente, continua bem atual. Já estou de férias, logo, logo, volto com alguma coisa inédita. Aos amigos que circulam por aqui, um Feliz 2010 !!!</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-5556153967118017032009-12-22T11:26:00.000-08:002009-12-22T11:31:46.786-08:00Lágrimas de Sangue* continuação do post anterior<br /><br />Enquanto dirigia, falava. Falava da única coisa que lhe restava. O passado. Ele era um homem preso ao que foi, ao que passou. Tudo que tinha e que era estava lá. Num tempo que não acabou, que não foi concluído, mas que também não voltaria.<br /><br />Eram 4 horas da manhã e a rua estava vazia. Havia apenas alguns vadios como ele, talvez à procura da mesma coisa. Algo que não tinha nome, nem endereço, por isso mesmo eles apenas vagavam sem rumo. Como quase não havia carros, de tempos em tempos, ele olhava pra mulher calada a seu lado. Seus olhos podiam dizer tudo que sua boca morta não era capaz de emitir. Eram os olhos mais expressivos que já havia visto. No olhar daquela mulher ele conseguia enxergar a si mesmo. Sua fraqueza e leviandade gritavam quando comparada com toda a doçura que havia nos olhos dela. E por um prazer quase mórbido de se martirizar ainda mais, continuava falando de toda podridão que havia dentro de si. Quanto mais falava, mais compreensão havia naqueles olhos cor de azeitona. Quanto mais isso acontecia, mais ele podia perceber que uma vida ruim não é motivo pro fracasso, isso deixava claro o quanto ele era fraco. E era isso mesmo que o fazia continuar falando.<br /><br />Entremeava seu relato com perguntas. "- Compreende o quanto fui imbecil?", "- Eu podia ter evitado se não fosse tão cretino. Entende?", "- Você pode imaginar?" A cada nova pergunta, ela balançava o rosto, pra cima, pra baixo. Seria apenas um movimento treinado para ser repetido toda vez que alguém parava de falar e a encarava? Não. Ela podia compreender, entender, imaginar. Naquele momento, dentro daquele carro, aquela mulher podia tudo.<br /><br />Não entrou na rua que o levaria até sua casa. Prosseguiu. O caminho para o único lar que ele conhecia estava ali, mudo, a seu lado. Ele continuaria até a exaustão. Rodou mais vários quilômetros, em círculo, mas sentia-se avançando. Continuou dirigindo, continuou falando.<br /><br />Numa rua escura, olhou e não conseguiu ver o rosto dela. Era apenas uma sombra disforme. Sentiu-se angustiado, percebeu que precisava daqueles olhos, só através deles poderia olhar pra si mesmo. Aumentou a velocidade do carro, voltou à avenida iluminada por lâmpadas que deixavam a noite avermelhada. Ela surgiu denovo, nítida à sua frente. Sorriu aliviado, mas de repente o sorriso ficou suspenso no ar.<br /><br />Ela estava chorando. As lágrimas que rolavam dos olhos dela iam ganhando tons de vermelho refletindo a luz vinda da rua. Eram lágrimas de sangue. Ele sentiu um toque suave e quente em seu rosto. Ele também chorava. Agora sim, estavam irremediavelmente unidos. Cúmplices, companheiros, parceiros. Depois de dividir todas as suas angústias, frustrações, vergonhas, agora compartilhavam lágrimas e silêncios. Ele não falava mais. Apenas dirigia e chorava.<br /><br />Bruscamente parou o carro. Ela o fitou surpresa, parecia não entender o que devia fazer. De repente, balançou a cabeça, como que acordando de um sonho. Passou as mãos pelas pernas dele achando que havia entendido o que ele queria que ela fizesse. Ele fez um gesto para que ela parasse. Tirou da carteira todo o dinheiro que tinha e colocou nas mãos que ainda estavam paradas em suas pernas. Certamente era mais do que ela ganhava em 3 meses de trabalho. Era justo, naquela noite ela havia feito um bem maior do que ele tinha feito em toda a sua vida.<br /><br />Olhou pra mulher que no bar mostrava os peitos através da blusa desabotoada e que naquele carro mostrou a alma através de olhos bem abertos. Sorriu e fez sinal para que ela fosse embora pra casa. Ela ficou olhando pro dinheiro que estava em suas mãos. Ensaiou um sorriso ainda úmido e saiu do carro. Ele deu a partida pensando que, ao menos naquela noite, ambos descansariam. Olhou pelo retrovisor a mulher parada na calçada. A luz vermelha refletida em sua pele alva dava-lhe ares de deusa. Continuou olhando pelo retrovisor até o momento em que não a podia mais ver. Sabia que nunca mais a esqueceria.<br /><br />Ela esperou que o carro dobrasse a esquina. Só então acreditou que havia mesmo recebido todo aquele dinheiro pra dar uma volta com um sujeito estranho. Assim que o carro sumiu, abaixou e tirou os sapatos. Seus dedos dos pés sangravam. Maldita idéia de mandar arrumar o salto do sapato da caolha. Os sapatos eram menores que seus pés. No dia seguinte, tentaria vendê-los de volta pra caolha só pelo preço que havia gastado pra arrumá-los. Depois de ganhar tanto dinheiro no mole, não seria de todo ruim fazer uma bondade.<br /><br />Limpou as lágrimas. Os pés ainda doíam, mas depois de tirar os sapatos a dor não era grande o bastante pra que ela continuasse chorando. Acariciou os pés pensando que a dor até veio a calhar. Provavelmente o homem tinha lhe dado tanto dinheiro por vê-la chorando. Talvez fosse uma boa idéia chorar mais vezes. Começou a caminhar de volta pro bar, se fosse rápida chegava a tempo de faturar mais um cliente na noite. Foi embora sem olhar pra trás.<br /><br /><span style="color:#000000;">P.S.: As coisas por aqui estão mais corridas do que eu havia previsto. Por isso, não consegui responder os comentários, mas ainda o farei assim que conseguir parar. Você sabem como é, não? Visitar um blog pra deixar um comentário do tipo "Ei, passei por aqui e gostei do que li." não faz muito meu estilo. Quando o assunto é comentário, sintetizar não é meu forte (nem quero que seja, na verdade). Bom, no fim de semana coloco a leitura em dia e enquanto isso deixo a continuação do conto pra que vocês não esqueçam de mim... rs. Bjs. </span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-317741360013710452.post-2636340120724465492009-12-09T16:49:00.000-08:002009-12-09T17:06:40.202-08:00Uma dose de humanidade<object width="300" height="200"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/kmI7SiLe4Vw&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/kmI7SiLe4Vw&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="300" height="200"></embed></object><br />- Mais uma dose.<br /><br />Mais uma dose de bebida, de barulho, de luxúria. Mais uma dose. Do outro lado do balcão o garçom o olhou com a indiferença com a qual aprendeu a encarar todas aquelas pessoas, bêbados, prostitutas, toxicômanos, os papéis eram sempre os mesmos, só mudavam as caras, talvez nem isso. Serviu a dose enquanto pensava se ao menos naquela noite fecharia o bar sem ter que juntar cacos de vidro e de pessoas.<br /><br />- Hoje quero que me arrume uma mulher muda.<br /><br />- Tem uma manca logo ali. Acho até que lá na mesa dos fundos está a caolha. Aquela que um cliente furou o olho com o salto do próprio sapato. Nunca vou esquecer a cena, a coitada descendo as escadas aos berros. Até hoje não sei se ela lamentava mais pelo olho perdido ou pelo salto quebrado.<br /><br />- Provavelmente pelo salto. Uma pessoa até consegue enxergar bem com um olho só. Já andar calçada com apenas um dos sapatos é mais complicado.<br /><br />- E então?<br /><br />- Não quero a manca, nem a caolha. Quero a muda.<br /><br />- Vou ver o que posso fazer.<br /><br />- Ok, enquanto isso me traz mais uma bebida.<br /><br />Sentia-se entorpecido. E, de forma totalmente contraditória, isso fazia com que sentisse tudo mais intensamente. O cheiro das bebidas baratas, das mulheres baratas. O som rouco de uma vitrola antiga era abafado pelas vozes dos homens que discutiam em volta da mesa de sinuca e dos estridentes guinchos vindos da mesa dos fundos em que, de acordo com o garçom, ele poderia encontrar a tal caolha do salto quebrado. A embriaguez que, sem que ele houvesse notado, já o dominara completamente. Som, cheiro, sensações. O entorpecimento não evitava que ele sentisse tudo ao mesmo tempo, intensamente, mas aplacava a dor. Naquele momento, ele sentia mas não sofria e isso já era muito.<br /><br />- Trouxe o que você pediu.<br /><br />- A bebida?<br /><br />- A muda.<br /><br />- Então não precisa mais da bebida. Tenho o bastante em casa.<br /><br />- Ok. Até amanhã.<br /><br />- Como sabe que virei amanhã?<br /><br />- Você não tem outro lugar pra ir.<br /><br />- Posso ficar em casa. Meu banheiro, nos piores dias, ainda é mais limpo do que esse bar.<br /><br />- Sujeira não te incomoda. O que você não suporta é sua própria companhia.<br /><br />- Você é um cara que sabe das coisas. Até amanhã.<br /><br />Olhou pra muda que sorria com os peitos à mostra. Pela primeira vez na vida sentiu pena... de si mesmo.<br /><br />Continua...<br /><br /><span style="color:#000000;">P.S.: Como eu havia avisado, em comemoração ao aniversário, vou postar alguns contos publicados aqui no último ano. Não é à toa que este será o primeiro.</span>Dani Pedrozahttp://www.blogger.com/profile/09660511980368207647noreply@blogger.com17