Crescendo...

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Hoje estava vendo TV, exatamente VENDO, já que não estava sequer ouvindo o que diziam (desconfio que não perdi nada muito interessante). Pois bem, eu estava olhando para a televisão e deixando meus pensamentos vagarem sem direção específica, indo de lá pra cá, só pela prazerosa sensação de liberdade, de total falta de compromisso e comprometimento com qualquer outro que não com sua própria vontade - digo "própria vontade" porque, nessas situações, eles (meus pensamentos) ganham vida e vontade independentes da pobre mortal (de carne e osso) onde eles (nem sempre) habitam.

Sim, mas voltando ao assunto, estava lá, olhar inerte e "cabeça" a mil, quando me veio uma constatação: minhas últimas decisões e atitudes vêm sendo pautadas pela vontade (ou talvez necessidade) de voltar às origens... Quando falo de "origens", não me refiro à procedência, à ascendência, não trato de lugar ou de pessoas. Estou falando em ponto de partida, em estágio primitivo, estágio inicial.

Pois é, passei anos da minha vida contruindo a mim mesma, vi coisas, aprendi e apreendi outras tantas, explorei lugares, pessoas, situações. Tudo isso foi sendo agregado a quem eu era, a essência de mim mesma, resultando em um ser digamos "social". Sei que esse processo é mais do que natural, foi essencial ao meu crescimento e responsável pela maioria das "glórias e louros" que vim conquistando nesse palco iluminado (às vezes, nem tanto) que a gente costuma chamar de vida.

Só que o momento agora é de substituição paulatina de prioridades. Um momento em que as brutais insegurança e necessidade de aceitação vêm dando lugar a uma cada vez maior necessidade de satisfação pessoal, de suprimento das minhas próprias expectativas individuais. E, como qualquer outra substituição, esta também requer algumas adaptações e adequações nos métodos, nas formas, nas ações.

Enfim, já que agora a prioridade é satisfazer a mim mesma, preciso conhecer (ou reconhecer) meu público alvo (adorei isso... rs), não a pessoa "construída", exterior, mas aquela que realmente "mora" dentro de mim. Bom, a melhor forma pra isso é resgatar, na medida do possível, a face que há por trás das inúmeras máscaras, o corpo que há por trás dos escudos, a imagem por trás das camadas de pó.

Isso não quer dizer negar o que foi realizado ou destruir o que foi construído, muito pelo contrário, é talvez a única forma de dar base de sustentação e legitimidade, de possibilitar que tudo isso sobreviva às intempéries, aos bombardeios, impedir que tudo desmorone mais adiante.

Portanto, não estou declarando guerra às convenções sociais, muito menos às transformações pelas quais passei nesses últimos anos. Não vou voltar à ingenuidade infantil, nem aos conflitos adolescentes, o que busco é a essência que, aos poucos, foi sendo tão bem guardada e protegida que se perdeu.

E quer saber de uma coisa? Esse processo não é um retrocesso, não significa voltar a morar no passado, muito pelo contrário, é a minha forma de deixar de ser empurrada na direção "certa" (conveniente), e passar a caminhar com os meus próprios pés.

E se eu errar a direção? Eu paro, reavalio tudo, mudo de rumo e TENTO OUTRA VEZ....

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