"In"tender...

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A cada dia mais me convenço de que a arte da comunicação depende muito mais do talento e boa vontade do ouvinte do que da eloqüência e da clareza daquele que tenta passar uma mensagem. Isso te parece absurdo? Bom, pode ser, essa é uma possibilidade sempre bem real quando se tratam dessas minhas "teorias". Mas, como sou teimosa, vou tentar te explicar de onde veio essa minha idéia, eu disse tentar, mas se você vai ou não me entender depende mais de você do que de mim. (Cômodo isso... rs.)

Bom, voltando a minha teoria de hoje, pensa bem. Quantas vezes você falou, exemplificou e argumentou de forma tão "eficiente" a ponto de tudo parecer absolutamente claro e até mesmo óbivo não só pra você, como pra outras pessoas? Mas aquela pessoa, exatamente aquela que você queria que, naquele momento, pudesse ver cada canto de sua mente, ela simplesmente não entendeu nada, ou pior, entendeu tudo da forma absolutamente contrária a que você gostaria.

Você poderia dizer que, na verdade, a incompetência foi daquele que não soube se expressar de forma clara, mas será mesmo que existe clareza suficiente quando a outra pessoa simplesmente não quer ou não pode te ouvir?

É meus caros, no fundo, acho que só ouvimos e entendemos o que estamos predispostos a receber, ainda que inconscientemente. Há que existir uma certa "química", sintonia talvez entre duas pessoas para que se entendam. Não parece óbvio que precisa haver um caminho que ligue emissor e receptor para que a mensagem chegue a seu destino?

Talvez, nesse momento, minha avó dissesse que "não é à toa que Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca". Mas eu, que nem sou tão sábia, nem tão crédula, me limito a dizer que é por isso que sim, adoro falar, ser ouvida, perceber como é prazeroso conseguir exteriorizar e, assim, multiplicar algo que há um segundo era apenas uma idéia guardada numa dessas minhas gavetas interiores. Entretanto, o que tenho mesmo tentado com afinco exercitar é a capacidade de entender, ouvir com desprendimento, sem amarras e pré-concepções, entender o que o outro quer dizer, e não aquilo que eu gostaria ou esperaria ouvir. Tarefa fácil? rs... rs... E eu me proponho a realizar tarefas fáceis? Ô destino cruel... rs... rs.

3 comentários:

Melia Azedarach L. disse...

Está dentro de outro e poder entender, mas entender de verdade, está aí algo que é uma das melhores utopias a se imaginar.

Hoje eu queria tanto "in"tender...", de in-tender com a alma.
Sem mais!
Beijos moça dos maravilhosos neologismos, trocadilhos e afins!

Dos Santos disse...

ufqbttDani, Dani...
Sendo um dos motivadores deste post, através de uma de nossas ótimas conversas, não poderia deixar de vir e tentar abordar o tema, mesmo que num novo ângulo, se é que consigo...
Parece-me muito mais do que claro que as pessoas fazem uma bela interpretação do que ouve baseadas no que querem ouvir... Isso me preocupa de um jeito às vezes, sabia? As impressões que as pessoas têm das coisas e das outras pessoas são tão levianas que ao tentar se fazer entender, é capaz de piorar tudo. Seu blog tem um título propício, é não deve ser por acaso: Não temos idéia do jeito que a maioria das coisas realmente funciona ou reage, mas sim, temos uma impressão, que pra nós, é como realmente funciona... No sentido oposto, descubro que quanto mais a gente descobre as coisas em seu estado natural, mais descontente a gente fica. Qual será o ponto ótimo entre saber e ter uma impressão? Será q é bom tentar explicar e se explicar? Bom... eu vou indo que tenho a impressão que queimei a comida no fogo...

Beijos

Ricardo disse...

Eu considero esse texto uma mentira e uma verdade! A mentira, estou certo, foi de boa-fé, enunciada por alguém que não tem consciência de que está a mentir. A autora não quer e nunca quis entender o outro! Ela espera comodamente que o outro a enteda. E caso o outro não obtenha sucesso, saiba o leitor, a autora é cruel. Daí a verdade: não é ameaça não, é uma afirmação e, pode acreditar, verdadeira! Se o "outro" não entende, será tragado para o interior da autora e sufocado no íntimo dela, sem dó e sem piedade, dilacerado. O outro perderá sua autonomia, sua existência e enfim, transformar-se-á, numa mera "lembrança". Enfim: uma mentira e uma verdade!