Meias flutuantes em céu de carpete azul

|


Nada melhor pra representar o que foi meu dia hoje do que essa imagem. Percebi isso assim do nada. De repente, olhei pros meus pés, mais exatamente pras meias de flores coloridas flutuando num céu feito de carpete azul. É, meu céu estava azul sim. Azul e sob meus pés. A ordem natural das coisas estava invertida a meu bel prazer.

Lá fora um dia cinza. Frio que gela os ossos. Chuva fina, intermitente. Neblina que faz do chão, nuvem, que faz dos homens, espectros. Aqui dentro, o calor. Calor de xícara, de livro, de alma, de meia de flores coloridas.

Acabado o chá e o capítulo, fechei o livro e fui até a cozinha. Na volta, olhei a TV desligada (há dias) e resolvi, sabe-se lá por que, ligar o tal aparelho. Você deve estar pensando que fui movida por uma incapacidade absoluta de conviver com o que chamam de "paz de espírito". Não? Pois foi nisso que pensei quando apertei o botão.

O fato é que hoje tudo estava conspirando a meu favor, até a humanidade. Era o jornal do fim da tarde, passava uma matéria sobre pianos. É isso. Pianos espalhados pela cidade, posicionados em espaços públicos, a livre acesso de todos. Música individualizando a multidão. Arte retirando da massa disforme mãos habilidosas, olhos atentos, lágrimas, aplausos.

Desliguei a TV. Afinal, melhor não dar sorte pro azar (mais uma expressão fofa do baú da vovó), estava tudo muito perfeito pra eu arriscar ver a matéria seguinte. Televisão devidamente calada, voltei a meu mundinho provisoriamente colorido e particular. Mais uma xícara fumegante, mais um capítulo do livro, mais um sobrevôo de flores coloridas pelo céu de carpete azul.

1 comentários:

Zunnnn disse...

eu flutuei no céu do meu sono...

quanto ao seu comentário.. é...
mulher é assim. rs

abraço