Conclusão matutina

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Hoje acordei antes de abrir os olhos. Permaneci deitada curtindo uma certa paz que só pode existir na semi-consciência.

Aos poucos, cada um dos meus sentidos foi despertando.

Ouvi os sons da cidade que já corria lá fora enquanto eu brincava de estátua.

Senti o contato do lençol macio envolvendo todo meu corpo como num abraço imaginário.

Os perfumes da manhã, também os senti todos. Café, pão fresco, pasta de dente.

Agora sim. Hora de levantar e ganhar o mundo.

Mas faltavam os olhos. Eles permaneciam cerrados. Tentei abri-los uma, duas, cinco vezes, em vão. Exausta de tanto tentar, declarei-me vencida. Adormeci.

Depois de uns minutos, abri os olhos com a certeza de estar atrasada. Saltei da cama antes de estar realmente acordada. Banho, escolha da roupa, café, dentes escovados, tudo feito maquinalmente, sem a menor consciência.

Já a caminho do trabalho, corpo todo em movimento, despertei com uma conclusão inesperada: Abrir os olhos não é tão fácil quanto parece.

8 comentários:

Unknown disse...

isso me aprece aquela história do "e tudo acaba onde começou" rs

isso nos faz pensar que o corpo as vezes sente coisas alheias a nossa vontade e por vezes eu estive em lugares, já cansada daquela monotonia e sempre dizia:

"meu corpo sempre vem, mas eu nem sempre estou aqui"

talvez a vontade de encontrar a sintonia perfeita entre o que pensamos, sentimos e fazemos nos deixem inquietos, mas fazer o que cidadão? alguém tem que trabalhar né? que seja você então, rs

abraços saudosos!

Leo Mandoki, Jr. disse...

confesso que apesar de ter lido ate ao fim....a minha atenção ficou todinha em vc deitada sob o lençol e ele te abraçando...aiiii q inveja viu!!! nca pensei em sentir inveja de lençol....o padeiro preparou o café, o paõ, tudinho?? enqt vc dormia??
as vzs é msm mto dificil abrir os olhos
beijosss

Anônimo disse...

Detesto ser tão óbvio mas a parte do lençol foi mesmo golpe baixo.

Melia Azedarach L. disse...

A certeza de estar atrasada sempre.
Lembra o que sinto toda manhã quando acordo num pulo, calço o sapato com a escova de dentes na boca, tento pentear o cabelo enquanto caço o celular em ainda sim nem estou vestida, com a roupa de dormir toda meio caindo, as vezes até penso em desistir e voltar a cama, mas a responsabilidade grita para que eu acorde logo, como o anjinho e o diabinho brigando em minha mente que só quer descansar.
Acho que falta um pouco de folga nessas nossas vidas.
E o lençol, concordo com isso, acordo todo dia nessa solidão, acostumei com a cama alta, mas ainda não me acostumei com o tamanho que me engole, que me consome, é solidão, é carência, nem sei bem, é o que tem que ser.
Beijos minha "resolvedora" de tudo um pouco!

Paula Barros disse...

Concordo com você, não é tão fácil abrir os olhos. Nem ver o que precisa ser visto.

Mas vamos seguindo e aprendendo.

abraços

Anônimo disse...

sabe o que eu tenho pra dizer?

Nada.

Acordar sentindo que corpo e mente estão descompassados,um demasiado fora,outro demasiado dentro de vc.Sem sentir,vc pensa pq de cada movimento...pensa...

Só queria usar-me dos teus sentidos,todos eles,pra te fazer ver,mas não cinza.

É,tbm queria muito ser aquele lençol...

bjin pra vc,querida.

Anônimo disse...

"no hay tortilla sin romper los huevos"

:.tossan® disse...

Rotina....Mas o trabalho tem que ser feito, alguém há de fazer. Interromper os prazeres do momento não é fácil. Ainda bem que existe o café! Já passei por isso. Qual a cidade? Bj