Sinto muito

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Não confio em quem nunca sofreu. Não falo da dor alardeada aos quatro cantos, publicada na pele, marcada na alma. Não me refiro ao sofrer com causa determinada e justificada. Não trato de morte, muito menos de falta de sorte.

Não confio em quem nunca foi acometido por moléstia desconhecida. Uma dor que começa no peito e toma todo o corpo como o veneno percorrendo silencioso as estradas rubras que deveriam transportar a vida. Um dia recebido com a mesma resistência com que a mulher malfadada gesta o fruto de um amor fracassado. Falo de uma agonia que chega sem aviso como o intruso sorrateiro que em pouco tempo de súdito se faz majestade. O vazio que não chama saudade. O abandono que não nasceu da partida. A morte que não sucede a vida.

Não confio em quem não perde o rumo, o sono, o juízo, em quem não chora sem saber o motivo. Se nunca sentiu, como pode se entregar? Há apenas migalhas de vida, retalhos de cetim, água rasa onde não se pode mergulhar.

8 comentários:

Leo Mandoki, Jr. disse...

..curioso vc ter escrito isso...2ª, 3ª e 4ª me senti assim: uma angústia recorrente no peito como se fosse uma premonição ruim...falta de sono..a cabeça latejando, uma tristeza, uma vontade desistência...e tudo isso 3 dias seguidos sem razão aparente...e vem vc e escreve isso!
curioso
beijos viu (te acho mto bonita...em todos os sentidos)

Branca disse...

...essa angústia às vezes chega e domina nossa vontade, nossos pensamentos, parece que vai ficar indefinidamente...é uma sensação horrível, de perda, mas nem sabemos de que.

Excelente dia pra vc...bjo!

:.tossan® disse...

Quem nunca curtiu uma paixão(ou uma pior na vida)nunca vai ter nada não, como diz o poetinha. Então eu e você somos normais. Adorei outra vez. Beijão moça bonita

Paula Barros disse...

Então pode confiar em mim, acordei assim, mas com as andanças, as reflexões, os desencontros, uma lágrimas, e lendo você, vou voltando ao normal.

Você escreve muito bem, menina linda.

beijos

Candy disse...

Seria uma vida sem vida, se é que vc me entende.

*tb nao confio.

:*

O Sibarita disse...

Moça, valah-em Deus! kkkkk

Excelente texto, quem nunca sentiu uma dor, ou mesmo a dor do amor que atire a primeira pedra, né não? kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Quer dizer que a menina já esteve em Salvador, heim? Oi que bom!

Tomara que volte sempre...

Você escreve bem e muito, faça fé!

abraços,
O Sibarita

Ana Karenina disse...

Também desconfio de gente que vive como se não fosse humano, desconfio de gente que só vive a felicidade extrema ao ponto de vendê-la aos outros.

Pessoas que nunca sabem reconhecer as próprias dores e de fato não saberão quando for magoar o outro, são pessoas que se preenchem de si mesmas achando que o mundo lá fora é que é vazio e não elas.

Quero crer que nessa escola chamada “vida” e com essa professora chamada “experiência” podemos mesmo ser mais do que distraidamente pensamos que somos, podemos ser leves, brutos, espertos, desatentos a depender da perspectiva que se olhe, a depender da forma que se quer olhar.

Eu desconfio de extremos, desconfio de gente que me ama incondicionalmente e gente que me odeia inconsequentemente. Porque nestes não terei espaço para os novos olhares, não haverá descobertas nem surpresas, não haverá aprendizado, nem vivência, nem sentimentos, só o vazio da “rotulagem”, do “achismo” , só resta aí o extremo egoísmo de pensar que o mundo é sempre decifrável aos nossos olhos só porque não suportamos ficar com o vazio de nossas intermináveis questões existenciais.

Bjs querida. See you later!

Bill Falcão disse...

Eu também desconfio!
Bjooooooo!!!!!!