Lua, lagartixa, ledo (engano)

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- Tenho medo de você.

- Acha que posso roubar seu coração?

- Não. Meu coração é feito rabo de lagartixa.

- Frio e dispensável?

- Ele se reconstrói sozinho quando alguém o mutila. Ele se regenera.

- Hummmm... Então temos aqui um coração regenerado. Largou o vício de amar pouco e desejar tudo?

- Eu não desejo tudo.

- Só ama pouco?

- Eu poderia te amar muito.

- E eu poderia ir à Lua.

- Você é tão intangível quanto a Lua?

- Não acho que a Lua seja intangível. Ela só está distante de nós.

- O que acaba sendo a mesma coisa. Que diferença faz algo ser tangível, se EU não posso tocar?

- A diferença é que, neste caso, é uma questão circunstancial, não é definitivo.

- Tudo é definitivo se levarmos em conta que a única coisa que temos é o agora.

- Temos outras coisas também. Você, por exemplo, tem um coração de rabo de lagartixa.

- Assim como você tem o seu sarcasmo.

- Cada um se defende como pode, não?

- Até não conseguir mais se defender.

- Ou não querer.

- É. Ou não querer...

17 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Entre argumentos, um bom diálogo. Bom jogo nas linhas e entrelinhas.
beijos

Unknown disse...

oi amiga

que impressionante (sem exagero rs) essa simples conversa nos leva a refletir sobre tantas coisas...

vemos que essa noção de tangibilidade e alcance é uma questão bem subjetiva e que nosso poder de reconstrução depende muito da forma como encaramos a vida e os fatos.

Por fim, aprendemos que nossas limitações variam de acordo com nossas pretensões. se quero a lua, então o céu não será meu limite rs

bjs querida :)

Eslley Scatena disse...

Hummm, diria que, na verdade, corações dilacerados levam à outros vícios que não amar pouco e desejar tudo. Levam ao bar, onde enchemos a cara.
E, neste momento, percebemos que a natureza, depois de anos de evolução, nos deu um legítimo órgão feito rabo de lagartixa: o fígado!
Ou não.
=p

Dani Pedroza disse...

Sr. Anônimo,

Como todos já estão cansados de saber isso aqui não é um diário, é um blog de textos ficcionais. Este post especificamente retrata uma conversa entre duas pessoas que estão frente a frente, não é uma conversa por e-mail, msn ou telefone. Muito menos se trata de amor virtual. Estar perto fisicamente de alguém não quer dizer que você possa tocar a pessoa. Nós dois sabemos que não foi pra comentar o texto que você veio aqui, então provavelmente estou perdendo tempo. Mas, como sou uma eterna otimista, não custa tentar... rs.

Ana Clara Otoni disse...

Olá, moça! Seu texto está pronto. Como faço para encaminhar? Escolhi também uma foto que gostaria que o acompanhasse. Me passe por favor, seu e-mail para que eu possa encaminhá-lo o quanto antes. Sucesso e, mais uma vez, parabéns pelo blog e pelos acessos! Vida longa ao Impressões! Beijos

Fred Matos disse...

Seria ótimo que todos tivessem corações regeneráveis.
Ótima semana, Dani.
Beijos

Furlan disse...

Adorei! Se este diálogo foi real, foi inspiradíssimo (e deve ter sido sofrido). Uma ode aos que amam.
Abraços de duas asas, com carinho.

Ana Clara Otoni disse...

Oi, moça. Quando vai aparecer?Beijo!

Melia Azedarach L. disse...

Estava aqui no meu cantinho bem pensando em construir um diálogo, mas vi seu comentário e decidir vir retribuir e dei de cara com algo que me fez pensar(para variar).
Gosto dessas conversas de momento, únicas, que ficam gravadas no tempo.
Hoje pensei muito naquela questão do "e se eu tivesse vivido isso com um certo alguém", aquela saudade do que não foi vivido.
Enfim, não sei se meu coração é de lagartixa, sei que se a vida fosse fácil não seria a minha vida.
E quanto a seu comentário, acho que todo mundo acorda um pouco vingativo as vezes e da mesma forma passa o dia todo tentando podar esse sentimento.
Somos humanos, mas numa espécie diferenciada, somos adultos e muitas vezes temos que mentir.É duro ser você mesmo enquanto tenta agradar a todos e não fazer loucuras.
Beijos!

Daniela disse...

huahua
coração com rabo de lagartixa foi ótimo!

é, até que não seria nada mal

?????

ah num sei rsrs

beijosss

:.tossan® disse...

Você é meu sininho na forma de escrever que me diz onde fia exatamente a lua. Genial! Beijo

:.tossan® disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C@uros@ disse...

Olá minha cara Dani Pedroza, reflexivo seus textos. Inteligente e leve, gosto muito.
E sempre agradável.

Paz e harmonia,

forte abraço

C@urosa

~*Rebeca*~ disse...

Dani,

Eu posso dizer que você é linda, mas linda mesmo, escrevendo? Li suas palavras lá no Néctar e, quando entro no seu blog, fico mais envolvida. Sabe o que vejo? Vejo uma menina encantada e bela.

Você é luz!

Beijo bem grandão.

Rebeca

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Anônimo disse...

De vez em quando, não se defender pode ser muito bom (mas confesso que talvez fosse bom ter um coração de rabo de lagartixa... rs)

Beijos.

Bill Falcão disse...

O ideal, creio, seria mesmo que o coração tivesse esse poder igual ao rabo da lagartixa, Dani!
Bjoooooo!!!!!!!!!

Paula Barros disse...

Dani, adorei essa conversa fiada. Me fez rir. Imaginando um coração feito rabo de lagartixa.

Fiquei a imaginar que tipo de coração é o meu, para casos de amor, se é que tenho rsrsr

Uma conversa bem equilibrada.

A gente se defende até que alguém vem com um olhar de badoque e acerta a lagartixa toda.

beijo, boa páscoa!